Foto de Ricârdo Leão |
Mas nesse último fim de semana, recebemos um email diferente! Tivemos no sábado a presença do Jefferson Farias, que é deficiente visual. Mas essa "deficiência" não o impede de ir a lugares onde deseja, ele não se limita, e ainda esse ano se formará em teatro na Univercidade.
Recebemos esse email emocionado dele, intitulado: UM OLHAR PARA A TRANSVERSAL DO TEMPO
Obrigada, querido, pelas palavras, pelo carinho, pela generosidade! Ficamos muito emocionados.
UM OLHAR PARA A TRANSVERSAL DO TEMPO
Por Jefferson Farias
Há uma percepção geral de que a nossa vida é feita de encontros e desencontros. Acho que pode ser. Estas aproximações e estes distanciamentos acontecem, ao meu ver, num grande palco terreno no qual distintas experiências entram em contato e influenciam-se mutuamente. Os seres humanos, assim, ao vivenciarem e compartilharem fagulhas de vida, buscam, e as vezes dão sorte de encontrar, um refúgio abrigo apoio nos quais se sentem um pouco mais seguros e confiantes para suportar a insuportável arte de existir.
Dito isso, acredito que o amor, a arte e a amizade, não necessariamente nesta ordem, constituem três pilares fundamentais passíveis de nos auxiliar na árdua tarefa de nascer, crescer, ser feliz, envelhecer, continuar sendo feliz e morrer. "Transversal do tempo
aborda estas questões e o faz de maneira teatralmente divertida e direta.
Três artistas falando de arte e três seres humanos falando de vida.
Transversal do tempo é uma meta linguagem em si mesma, tal qual exige o processo criativo do artista.
Deixando as filosofias de lado, falarei, agora, a respeito das minhas impressões pragmáticas, ou nem tanto, a respeito do trabalho exibido na peça. Não comentarei sobre cenários e figurinos por motivos óbvios, embora tenha ficado com a impressão de que o que vocês fizeram estava em congruência com o espaço disponível que vocês tinham.
O primeiro ponto interessante a ressaltar, na minha opinião, é o modo como os atores recepcionam o público. O palco italiano, como é visível até para quem é cego, tende a "distanciar" ator e espectador de modo a dividir e hierarquizar o espaço da cena. Ao receberem as pessoas no espaço onde tradicionalmente espera-se que só haja espectador, Os artistas colocam-se, ainda que momentaneamente, no mesmo nível que eles e isso abre caminho para um outro nível de relação. Acho isso bacana. Só não entendi os salgados e as jujubas, embora tenha achado a jujuba deliciosa.
Arte, Amor e Amizade, não sei se vocês perceberam, mas são três palavras que começam com a letra A. Sabem o que isso significa?? - Nada.
Mas achei interessante e criativo os três brindes iniciais. Molière acharia uma boa ideia.
Quanto ao texto, achei ótimo e penso que vocês o interpretam muito bem. Os clichês conscientes, tanto na atuação quanto na escrita, são extremamente precisos e inteligentes. Se teatro é vida e a vida muitas vezes não passa de um clichê, nada melhor que registros clichês para exprimir esta tensão. Lançar uma luz crítica do jeito que vocês fazem é magnífico, além de ser capaz de suscitar reflexões artísticas e relacionais.
Citações, citações, citações... Os idiotas que as curtem jamais entenderão que na verdade não "há mais coisas entre o seu e a terra do que sonha nossa vã filosofia". Mas sim, talvez: "Há mais coisas vãs em nossa filosofia do que sonha o céu e a terra".
Rodrigo, Dan e Cris vocês são ótimos e estão com um belo espetáculo nas mãos. Estendam, por favor, os meus comprimentos à direção e aos demais envolvidos no processo de criação. Não desejarei sucesso porque isso vocês já tem. Então, desejarei apenas que este sucesso cresça, cresça e cresça!!!!!
Ah, quer saber, vou desejar sucesso sim.
Sucesso!!!!!!
Apenas escrevi da forma que me bateu. O trabalho de vocês é lindo e, por favor, compartilhem com o maior número de pessoas possível!
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