sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A DITADURA DO CONSUMO

"O direito de existir agora coincide com o direito de consumir
Vemos
um comércio de corpos.
Vemos
a vida como capital biopolítico"
"O ato de resistência possui duas faces. Ele é humano e é também um ato artístico. Somente o ato de resistência resiste à morte, seja sob a forma de uma obra de arte, seja sob a forma de uma luta de homens." [Gilles Deleuze]



Iniciamos nossa pesquisa à Ditadura do Consumo.

"Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam mais rapidamente. Nas fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar.

A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todas partes suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura de partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.
O consumidor exemplar é o homem quieto.

As massas consumidoras recebem ordens em um idioma universal: a publicidade conseguiu aquilo que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que a televisão transmite. No último quarto de século, os gastos em propaganda dobraram no mundo todo. Graças a isso, as crianças pobres bebem cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite e o tempo de lazer vai se tornando tempo de consumo obrigatório.

Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisão, e a televisão está com a palavra. Comprado em prestações, esse animalzinho é uma prova da vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos. Pobres e ricos conhecem, assim, as qualidades dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos ficam sabendo das vantajosas taxas de juros que tal ou qual banco oferece. Os especialistas sabem transformar as mercadorias em mágicos conjuntos contra a solidão. As coisas possuem atributos humanos: acariciam, fazem companhia, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota assim como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem pausa, no mercado. Mas, para qual outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar na historinha de que Deus vendeu o planeta para umas poucas empresas porque, estando de mau humor, decidiu privatizar o universo? A sociedade de consumo é uma armadilha para pegar bobos.
A injustiça social não é um erro por corrigir, nem um defeito por superar: é uma necessidade essencial. Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta." (Eduardo Galeano)

Vídeos assistidos pela Engrenagem, nesse processo:

COMPRE-ME: EU, VONTADE DE MORRER - Em uma confluência dos universos das artes, comunicação, tecnologia e política, surgem teorias e ações de ativistas influenciados pela cultura pós-moderna. Uma pergunta é comum entre esses outsiders: como resistir? Depoimentos de Antonio Negri, Naomi Klein, Peter Pál Pelbart, Fernando Solanas, Sílvio Mieli, Ccoletivo Temp, Coletivo Radioatividade, Ricardo Rosas (Mídia Tática), Movimento dos sem-teto. Direção, produção, edição e montagem: Pedro Bayeux, Colaboração: Flávio Soares, Leonardo Germani, Bruno Pozzi, Gustavo Nóbrega, Tiago Pariz, Fabio Pinc, Renato Stockler, Claudio Ribeiro, Julio Wainer, Vichê.

CALÇADA DA FOME - Sensível à palavra de ordem elaborada por Fernando Brant e Milton Nascimento nos anos 70, Cactos Intactos, neste curta-metragem de 5 minutos, premeditou precisamente ir onde o povo está. Com este propósito, o grupo não hesitou em submergir nas profundezas do inferno tupiniquim, onde campeiam, como flagelos, a miséria absoluta e a iniqüidade sádica. Os depoimentos pungentes colhidos junto a moradores de rua, párias e desvalidos em geral impressionam e surpreendem por sua pungente autenticidade. Reivindicar e protestar em nome dos excluídos sociais, vítimas da globalização imperialista é importante e imprescindível, mas escutar com atenção o que eles têm a dizer sobre a própria situação não deixa de ser também fundamental.

MANIPULAÇÃO DE MASSA - "A massa discute a manipulação da mí­dia?" O documentário premiado é um ensaio experimental sobre opiniões populares a respeito do poder de influência dos grandes meios de comunicação. A montagem, que deturpa ironicamente os depoimentos dos entrevistados, evidencia as possibilidades de se manipular informação, fazendo do próprio filme um exemplo de manipulação da mí­dia. Roteiro, edição e direção: Guilherme Reis, Direção de produção: João Paulo Azevedo, Equipe de produção: Ronaldo Jannotti, Manuela Camisasca, Thaí­s Torres, Edicarlos Pereira, Gerson e Lélio Franklin. Captação de som: Byron O'Neill e João Carvalho, Música: Rafael Nelvam, Gil Amâncio e Mateus Guerra, Direção de fotografia: Byron O'Neill, Gerson Pires e João Carvalho, Câmera: Byron O'Neill, Daniel Mendes, Gerson Pires, Gustavo Brandão, João Carvalho e Michel Brasil, Animação: Henrique Gomes - Adaptada da Ví­deo-instalação de Daniel Mendes, Manipulação de fotografias: Daniel Hazan, Montagem: Guilherme Reis, Daniel Hazan e João Paulo Azevedo, Fotógrafa: Maria Fiúza, Fotografia still: Alessandro Ceci, Gustavo Brandão, Maria Fiúza e Rodrigo Ladislau

COMPRE-ME: EU, VONTADE DE MORRER (parte 1/3)







COMPRE-ME: EU, VONTADE DE MORRER (parte 2/3)






COMPRE-ME: EU, VONTADE DE MORRER (parte 3/3)







CALÇADA DA FOME







MANIPULAÇÃO DE MASSA






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