sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O DADAÍSMO

"Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público."
[O poeta romeno Tristan Tzara, um dos principais representantes do movimento, dá uma receita, em seu último manifesto, para fazer um poema dadaísta]

Receita do Engrenagem para nosso Poema Dadaísta:
Cada um deveria apresentar para o sorteio da ordem das frases do poema:
- uma palavra do texto do Galeano sobre o Consumismo,
- uma frase do texto do Galeano sobre o Consumismo,
- uma frase de propaganda (valendo outdoor, comercial de TV, rádio, jornal, etc, mas que tenha sido visto nessa semana).

O POEMA SOBRE O CONSUMISMO

A gente paga pra você assinar
IDIOMA
IDENTIDADE
Renda-se,
VIDA
Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável
TELEVISÃO
Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta
SISTEMA
A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados
Nada é de graça e que os artigos de luxo mais caros são o ar e o silêncio
Para um cliente ser prime é ter tempo. Para um artista é ter reconhecimento
banco real, o banco de sua vida
Fogos a preço de bala!
A dor de já não ser, deu lugar a vergonha de não ter
Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura do partido único
DESCARTÁVEL
Este carro tem o melhor de Paris e o melhor de Dakar, fica fácil entender por que seu símbolo são 3 diamantes
Destaque a sua decoração!
COISAS
Um homem pobre é um pobre homem.
Sobre o Dadaísmo:
O dadaísmo foi um movimento artístico que surgiu na Europa (cidade de Zurique) no ano de 1916. Possuía como característica principal a ruptura com as formas de arte tradicionais. Caracteriza-se pelo desejo de destruir as formas de arte institucionalizadas e de romper o limite entre as várias modalidades artísticas. Os artistas opõem-se à sociedade materialista, vista como fracassada por promover a guerra, e propõem ignorar o conhecimento até então acumulado pela humanidade. O movimento, que negava todas as tradições sociais e artísticas, tinha como base um anarquismo niilista e o slogan de Bakunin: "a destruição também é criação". Contrários à burguesia e ao naturalismo, identificado como "a penetração psicológica dos motivos do burguês", buscavam a destruição da arte acadêmica e tinham grande admiração pela arte abstrata. O objetivo máximo era o escândalo.O Dadaismo procurava chocar um público mais ligado a valores tradicionais e libertar a imaginação via destruição das noções artísticas convencionais.

Características principais do dadaísmo:
- Objetos comuns do cotidiano são apresentados de uma nova forma e dentro de um contexto artístico;

- Irreverência artística;
- Combate às formas de arte institucionalizadas;
- Crítica ao capitalismo e ao consumismo;
- Ênfase no absurdo e nos temas e conteúdos sem lógica;
- Uso de vários formatos de expressão (objetos do cotidiano, sons, fotografias, poesias, músicas, jornais, etc) na composição das obras de artes plásticas;
- Forte caráter pessimista e irônico, principalmente com relação aos acontecimentos políticos do mundo.

NO TEATRO – Sua principal característica é a rebeldia da encenação. Os atores apresentam-se em espaços não convencionais e brincam com a platéia. Os textos são improvisados ou escritos com forte carga poética, algumas vezes sem lógica. O Coração a Gás, de Tristan Tzara, é considerada a peça mais importante do Dadá-Paris. Em Berlim se realizavam noitadas improvisadas e a atribuição de títulos honoríficos dadaístas aos políticos mais conhecidos, a sua revelia.

[Fontes:
http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/dadaismo.htm
http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/Enciclopedia/31.htm
http://www.pitoresco.com.br/art_data/dadaismo/index.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dada%C3%ADsmo ]


A DITADURA DO CONSUMO

"O direito de existir agora coincide com o direito de consumir
Vemos
um comércio de corpos.
Vemos
a vida como capital biopolítico"
"O ato de resistência possui duas faces. Ele é humano e é também um ato artístico. Somente o ato de resistência resiste à morte, seja sob a forma de uma obra de arte, seja sob a forma de uma luta de homens." [Gilles Deleuze]



Iniciamos nossa pesquisa à Ditadura do Consumo.

"Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam mais rapidamente. Nas fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar.

A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todas partes suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura de partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.
O consumidor exemplar é o homem quieto.

As massas consumidoras recebem ordens em um idioma universal: a publicidade conseguiu aquilo que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que a televisão transmite. No último quarto de século, os gastos em propaganda dobraram no mundo todo. Graças a isso, as crianças pobres bebem cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite e o tempo de lazer vai se tornando tempo de consumo obrigatório.

Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisão, e a televisão está com a palavra. Comprado em prestações, esse animalzinho é uma prova da vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos. Pobres e ricos conhecem, assim, as qualidades dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos ficam sabendo das vantajosas taxas de juros que tal ou qual banco oferece. Os especialistas sabem transformar as mercadorias em mágicos conjuntos contra a solidão. As coisas possuem atributos humanos: acariciam, fazem companhia, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota assim como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem pausa, no mercado. Mas, para qual outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar na historinha de que Deus vendeu o planeta para umas poucas empresas porque, estando de mau humor, decidiu privatizar o universo? A sociedade de consumo é uma armadilha para pegar bobos.
A injustiça social não é um erro por corrigir, nem um defeito por superar: é uma necessidade essencial. Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta." (Eduardo Galeano)

Vídeos assistidos pela Engrenagem, nesse processo:

COMPRE-ME: EU, VONTADE DE MORRER - Em uma confluência dos universos das artes, comunicação, tecnologia e política, surgem teorias e ações de ativistas influenciados pela cultura pós-moderna. Uma pergunta é comum entre esses outsiders: como resistir? Depoimentos de Antonio Negri, Naomi Klein, Peter Pál Pelbart, Fernando Solanas, Sílvio Mieli, Ccoletivo Temp, Coletivo Radioatividade, Ricardo Rosas (Mídia Tática), Movimento dos sem-teto. Direção, produção, edição e montagem: Pedro Bayeux, Colaboração: Flávio Soares, Leonardo Germani, Bruno Pozzi, Gustavo Nóbrega, Tiago Pariz, Fabio Pinc, Renato Stockler, Claudio Ribeiro, Julio Wainer, Vichê.

CALÇADA DA FOME - Sensível à palavra de ordem elaborada por Fernando Brant e Milton Nascimento nos anos 70, Cactos Intactos, neste curta-metragem de 5 minutos, premeditou precisamente ir onde o povo está. Com este propósito, o grupo não hesitou em submergir nas profundezas do inferno tupiniquim, onde campeiam, como flagelos, a miséria absoluta e a iniqüidade sádica. Os depoimentos pungentes colhidos junto a moradores de rua, párias e desvalidos em geral impressionam e surpreendem por sua pungente autenticidade. Reivindicar e protestar em nome dos excluídos sociais, vítimas da globalização imperialista é importante e imprescindível, mas escutar com atenção o que eles têm a dizer sobre a própria situação não deixa de ser também fundamental.

MANIPULAÇÃO DE MASSA - "A massa discute a manipulação da mí­dia?" O documentário premiado é um ensaio experimental sobre opiniões populares a respeito do poder de influência dos grandes meios de comunicação. A montagem, que deturpa ironicamente os depoimentos dos entrevistados, evidencia as possibilidades de se manipular informação, fazendo do próprio filme um exemplo de manipulação da mí­dia. Roteiro, edição e direção: Guilherme Reis, Direção de produção: João Paulo Azevedo, Equipe de produção: Ronaldo Jannotti, Manuela Camisasca, Thaí­s Torres, Edicarlos Pereira, Gerson e Lélio Franklin. Captação de som: Byron O'Neill e João Carvalho, Música: Rafael Nelvam, Gil Amâncio e Mateus Guerra, Direção de fotografia: Byron O'Neill, Gerson Pires e João Carvalho, Câmera: Byron O'Neill, Daniel Mendes, Gerson Pires, Gustavo Brandão, João Carvalho e Michel Brasil, Animação: Henrique Gomes - Adaptada da Ví­deo-instalação de Daniel Mendes, Manipulação de fotografias: Daniel Hazan, Montagem: Guilherme Reis, Daniel Hazan e João Paulo Azevedo, Fotógrafa: Maria Fiúza, Fotografia still: Alessandro Ceci, Gustavo Brandão, Maria Fiúza e Rodrigo Ladislau

COMPRE-ME: EU, VONTADE DE MORRER (parte 1/3)







COMPRE-ME: EU, VONTADE DE MORRER (parte 2/3)






COMPRE-ME: EU, VONTADE DE MORRER (parte 3/3)







CALÇADA DA FOME







MANIPULAÇÃO DE MASSA






quarta-feira, 12 de novembro de 2008

BALANÇO GERAL e PLANEJAMENTOS

Oi. E aí, tudo bem? Graças a Deus. Essa semana a redação dos acontecimentos da reunião anterior ficou sob minha responsabilidade. Olha que bonito. Espero que Alzheimer permita que as informações escritas sejam fidedignas à realidade. E que a ordem dos fatores não altere o produto.

Discutimos longamente as questões burocráticas do grupo e definimos algumas prioridades. Conversamos sobre CNPJ, espaço para ensaio, linha de interpretação, pesquisa, entre outras cositas mais.

Também conversamos acerca do VIII Festival de Esquetes Elbe de Holanda. E como foi importante a presença de todas as peças da engrenagem, mesmo só tendo dois se apresentando. Nosso ego meio que está dançando rumba de satisfação porque “Tudo aquilo que eu esperava” foi além do que nós esperávamos. O retorno que a gente teve do nosso trabalho foi do caralho.

Debatemos o texto Império do Consumo, de Eduardo Galeano [http://oxigenio2.magaweb.com.br/index.php?id=715 LEIAM!!!]. Isso ampliou nossa visão a respeito daquilo que a Cia quer falar e que seja comum a todos os membros. Decidimos falar sobre ditadura. Nada definitivo, apenas uma possibilidade. Combinamos que não pesquisaremos somente a ditadura militar, mas todo tipo de ditadura que nos oprime ou oprimiu ao longo da história. “Oprimir” é um verbo muito escroto e eu fico meio assim de usá-lo, pois é fácil de cair no lugar-comum. E "lugar-comum" é tudo que nós não queremos. Mas no momento não há palavra melhor para designar essa ação recorrente. Muitas ditaduras nos foram empurradas goela a baixo: militar, escravidão, consumo, religiosa, violência. Logo, temos um material farto – e não sei até que ponto isso é bom ou ruim – para realizarmos um ótimo trabalho. Nesse primeiro momento, cada peça da Engrenagem pesquisará assuntos concernentes ao consumo. Até para não perdermos o gancho de Galeano.

No próximo encontro trabalharemos na construção de um poema dadaísta (!) [com o tema Consumo], apresentaremos nossa pesquisa sobre consumismo e levaremos algo sobre nós mesmos, tipo “myself” da vida de cada um, para mostrarmos uns aos outros, olha que bacana, um pouco de nossas vontades e posicionamento artístico.

O próximo encontro está marcado para oito da manhã. Um abuso! Mas é o horário comum a todos. E a vontade imensa de fazer com que a coisa aconteça e dê certo é infinitamente maior que o inconveniente de ter que acordar cedo em um sábado. Aliás, quando o assunto é arte não há inconveniente, sacrifício, rabugice, e sim o grande amor que nos move. E acreditamos nisso total.

domingo, 2 de novembro de 2008

TUDO AQUILO QUE EU ESPERAVA

"Eu não acreditava na existência do limbo. Eu acredito em muita coisa, mas em limbo? Não. Acredito na Ciência, no efeito do ácido, em duende. Eu acredito na rapaziada que segue em frente e segura o rojão.
...Qual o sentido disso? Qual o sentido de ter uma vida sem miséria com tantos miseráveis ao meu redor? Miséria de afeto, miséria de fome...
...Todas as pessoas deveriam ter o direito de um dia de fúria garantido na Constituição!
...Eu juro pelos meus dentes que eu te mataria se nós já não estivéssemos mortos. Você acabou com a minha vida... Eu morri vítima de um caralhinho voador!!! ...Será que existe alguém feliz nesse mundo? Ou naquele? Sei lá como é que se fala nesse lugar...
...Que tal seu sonho? É... não era tudo aquilo que eu esperava. É a vida. Ou a morte."

Com muito orgulho e alegria, a Cia Engrenagem de Arte Revolucionária subiu ontem ao palco da Casa de Cultura Elbe de Holanda, no primeiro dia de apresentações do VIII Festival de Esquetes Elbe de Holanda, com o texto do Rodrigo Abrahão (Tudo aquilo que eu esperava), Direção de Cristina Froment e Rodrigo Gondim, Trilha de Rodrigo Gondim, Dan Carrarini e Rodrigo Abrahão atuando e Encenação e Figurinos da Cia Engrenagem de Arte Revolucionária.

A Cia é muito nova, ainda estamos no nosso processo de investigação e pesquisa de linguagem, mas o mais bacana disso tudo é ver que já estamos realizando juntos. E, principalmente, marcando nossa presença em conjunto. Mesmo sendo apenas dois de nós no palco, a Cia estava toda lá, todos de vermelho, marcando presença e criando uma identidade visual, como observado e dito por outros participantes do festival.

A apresentação foi muito boa e a reação do público foi melhor do que esperávamos. Recebemos inúmeras críticas elogiosas e incentivos à continuação do nosso trabalho.

Registramos todo o processo, desde os ensaios, aos bastidores e apresentação.
Confira as fotos nos álbuns: