É isso! ESTAMOS DE VOLTA, em letras grandes, como grande é nossa vontade.
Ao longo desses quase quatro anos de
convivência em grupo muitas coisas aconteceram: filho nasceu, casamento
começou, casamento terminou, o samba chamou, o dinheiro apertou, alguém deu um
grito de independência e saiu da casa dos pais, a vida seguiu seu curso
urgente. E, apesar disso tudo, o amor pelo Teatro faz com que essa Engrenagem
continue se movendo.
Não poderíamos usar outro nome, senão esse. Um nome que também nos define e define nossa proposta.
O espetáculo teatral Transversal do Tempo teve como fonte de inspiração as músicas que
compõem o disco homônimo da cantora Elis Regina (1945-1982). Trabalhamos a
intertextualidade das letras, tendo como base nossa vivência de grupo, nossas
referências – teatrais, cinematográficas e literárias – e experiências como
pessoas atuantes em
sociedade. Preferimos trabalhar a atmosfera do disco/show
relatada por Elis: a claustrofobia, as angústias, as escolhas (ou a falta das
mesmas), o humor cáustico e corrosivo proveniente dos dias que vivemos. E assim levar a público nosso trabalho e as
coisas que nos são tão caras. Explorando o limite do real e da ficção.
Emprestando da gente aos personagens. Misturando um pouco de nossas histórias
com as histórias de terceiros, amparados pela força da ficção – que se impôs
soberana durante todo processo.
Pretendemos
contar uma história vibrante na qual o público se reconheça e reflita (ou
repense) o seu papel na sociedade, do indivíduo ao coletivo. Queremos, com essa
montagem, homenagear todos os artistas, grupos e companhias teatrais que lutam
diariamente e com muita dificuldade para manter e propagar a sua arte; queremos
celebrar também a memória da cantora Elis Regina, que partiu há 30 anos, mas
nos deixou uma obra riquíssima, cuja atemporalidade nos permite colher seus
frutos e que, de alguma forma metafísica, permite com que lhe digamos o seu
gosto; e, por fim, agradecer ao Teatro (com T maiúsculo, todo substantivo
próprio, com Tesão mesmo), que foi o que nos moveu até aqui.
O espetáculo teatral Transversal do Tempo acontece em época
indefinida. Regidos pelo caos, três amigos compartilham sonhos e angústias, em
uma tentativa involuntária de dar alguma particularidade a um mundo cada vez
mais genérico.
Guta
(Cristina Froment) é artista plástica. Vem de uma família pobre e não se
conforma com injustiça social. Denuncia o mundo cão em suas exposições,
retratando os marginalizados. Paralelamente, está trabalhando o projeto
“Legendas”. É uma mulher independente, prática e sem tempo para acreditar em
grandes amores; Dudu (Daniel Carrarini)
é jornalista e crítico de cinema. Trabalha como freelancer. Homossexual, tem
questões com o pai militar que não sabe da sua orientação sexual. Perto dos
amigos, Dudu fica mais afetado, sarcástico e sensível. Envolveu-se com um homem
casado e tudo o que quer da vida é encontrar um companheiro; Téo (Rodrigo Abrahão) é professor de
Literatura. Foi pai muito jovem e tem um filho de 14 anos, Inácio. Foi
apaixonado por Paula, que não teve coragem de largar o marido para ficar com
ele. O grande objetivo de Téo é recuperar o afeto de Inácio.
A sala de um apartamento, onde se
encontram os três personagens, é o cenário de Transversal do Tempo. Nesse lugar, repleto de livros, discos e
garrafas, ocorre toda a ação dramática do espetáculo. As discussões, os
embates, a visão de mundo e as demonstrações de amor fraterno unem essas
pessoas nesse pequeno espaço, onde os amigos sentem-se seguros e permitem-se
tudo que o cotidiano lhes priva: confidências, ingenuidade, jogos e afetos
pertinentes a uma nova geração de pessoas que passaram da casa dos 30 anos e
que têm muito a dizer e fazer.
O projeto está lindo e estreará daqui a pouco!
Antes, faremos alguns experimentos, e a primeira delas aconteceu nesse fim de semana.
Tivemos a honra de apresentar o Transversal do Tempo, em versão pocket, na Off Flip-Feira Literária Internacional de Paraty-2012. Aconteceu dia 07/07/2012, no Camoka, no Centro histórico dessa bela cidade, onde fomos muito bem acolhidos.
Nossa primeira experiência foi bastante feliz e animadora, o público se mostrou receptivo e bastante entusiasmado com o que mostramos!
Como toda engrenagem que deve ser movida e renovada, algumas peças novas sempre são necessárias. As antigas, por mais distantes que estejam, sempre farão parte disso tudo que somos juntos, mesmo que apenas como referência, mesmo que apenas como afeto. Mas agora juntou-se a nós uma nova peça que, mais que nunca, ajuda a mover essa engrenagem com frescor e, ao mesmo tempo, furor. Nosso querido diretor, Rogério Garcia!
Em breve, mais notícias e fotos!