segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

REVELAÇÃO


Com um pouco de atraso, postamos aqui a entrega do certificado à indicação da CIA ENGRENAGEM DE ARTE REVOLUCIONÁRIA ao prêmio Revelação do VIII Festival de Esquetes Elbe de Holanda.

Ressaltamos a importância desta indicação, uma vez que ela contempla a Companhia como um todo, reafirmando nossa postura enquanto grupo e artística, destaques no festival.

Salve, Engrenagem!

Transversal do tempo

Em uma entrevista de 1978, há exatos 30 anos atrás, Elis Regina causa polêmica ao lançar este show e nós hoje percebemos como nada mudou.
A entrevista fala do processo de criação, surgido em uma experiência em um engarrafamento, da questão do respeito, da alienação, o momento político e as questões de impasse, falta de escolha, falta de espaço de ar, de confiança, de relaxo.
Nada mais atual, não é mesmo? E, nessa mesma entrevista, Elis afirma: "O novo! Querem tanto o novo. Mas que culpa eu tenho se nada de novo acontece neste país há quarenta anos? O Tom já disse: de novo mesmo, nesse tempo todo, só o Hollywood com filtro. Mais nada."


Transversal do tempo (1978)
O espetáculo era pretensioso. Elis (...) contou em entrevista publicada na revista Veja (...), que a idéia do show nasceu dentro de um táxi, no vale do Anhangabaú, durante uma manifestação estudantil. Na confusão, os carros não andavam. E ela lá, grávida, trancada dentro do táxi, esperando
Em novembro de 1977, Elis Regina estreia em Porto Alegre, no teatro Leopoldina, o show Transversal do Tempo. (...) Num roteiro desenvolvido em conjunto com Aldir Blanc e Mauricio Tapajós, a cantora conseguiu dar sua mensagem. A cantora assumiu o papel de repórter do seu tempo e abordou temas como o amor, a amizade, natureza, consciência social, exploração do ser humano, entre outros.
Os músicos assumiram o papel de operários (da música ou da vida real) tocando em meio às estruturas metálicas e placas de trânsito e vestindo macacões de trabalhadores.
(...) uma cena que causou polêmica na época. Elis canta dois versos da música Gente do Caetano Veloso em meio a um logo da Coca-Cola que dizia: Beba gente. O cantor e compositor não gostou do tratamento que foi dado à música. Porém, é preciso admitir que o momento é impagável. Elis com uma voz debochada canta: (...) “Gente é para brilhar e não para morrer de fome!” Deboche da canção ou uma denúncia da situação do músico no Brasil?
(...)
Vale lembrar que parte do show foi lançada em um disco ao vivo, porém havia planos de lançar um segundo disco com todo o repertório do espetáculo, o que não se concretizou. Ficou perdida numa transversal do tempo...
Veja – Como foi que sua experiência no engarrafamento se transformou num espetáculo?
ELIS – Eu tinha um contrato assinado com o Teatro Leopoldina em Porto Alegre. E, entre fazer um recital, um concerto simplesmente, preferi chamar algumas pessoas para dirigir, iluminar e coisas do tipo. Aí foram surgindo ideias. Aquele engarrafamento me deixou uma impressão muito forte, principalmente porque eu estava grávida e me senti indefesa naquela hora. Tinha helicópteros de um lado, cavalos de outro, gente correndo por todos os lados. E eu estava ali, sem ter escolhido isso. Estava fechada dentro de um táxi, com medo (...) A analogia veio depois, porque na hora você faz a fotografia, a ampliação vem depois. Quer dizer, assisti, ao vivo, a falta de respeito que está solta pelo ar. A falta de respeito existe para com o rio, a pessoa, a árvore, o passarinho. Esse desrespeito, na verdade, criou uma situação de impasse. Você sabe que o sinal de trânsito só vai ser aberto quando o guarda resolver abrir. Enquanto isso, você está dentro de um táxi e tudo acontecendo. Você imagina saídas, mas o sinal não abriu, o que podemos fazer? Ficamos sentados dentro de um táxi, numa transversal do tempo, esperando. Não te perguntam nada, não te pedem opinião.
Veja – Isso tudo está jogado no espetáculo?
ELIS – Está dentro do espetáculo. A angústia, a claustrofobia e também as várias fugas estão dentro do repertório. A alienação que pode vir através dos embalos de qualquer dia da semana. Na realidade, não é um espetáculo feito para dançar. Alerto que os bailantes se sentirão muito agredidos, portanto não me cobrem. Se quiserem assistir, já estou avisando antes. Também não estou dizendo que todo espetáculo deva ser assim, e também não quero dizer que todos os outros farei desta forma. Mas eu peço desculpas, usando as palavras de Vitor Martins: ´ Me perdoem, os dias eram assim ´. A partir do momento em que resolvi em que resolvi que minha arte deve ter ligação com a realidade em que vivo, mínima que seja, lamento imensamente a cara amarrada, a falta de espaço, a falta de amigos. Também não fui preparada para isso, é o que está me sendo dado para digerir. Gostaria que fosse diferente. Mas também, como a maioria das pessoas, estou esperando o guarda acionar a mudança de cor do sinal. Enquanto isso, eu canto um sinal de alerta
Veja – Esse sinal de alerta pretende exatamente o quê?
ELIS
– Mostrar o momento político de impasse em que vivemos e o resultado dos momentos políticos que nos trouxeram a esse impasse. O partido político, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro, partido que deu origem ao PMDB) – com o qual você conta para ser de oposição, arregla, e 41 saem da sala, se escondem debaixo do tapete ou no banheiro. Isso é uma porcaria quando você está às portas de 15 de novembro e tem que votar nesse partido de novo. Agora, vai votar no outro? Não, vota nesse e continua tudo na mesma. Esse é o impasse, a falta de escolha, a falta de espaço de ar, de confiança, de relaxo.
City news
“proibido sorrir”
– Você fala daquela critica carioca que disse que meu show era um atentado ao bom humor, não é? Ela deve morar na Vieira Souto, em Ipanema, numa cobertura. Vai ver, de frente para o mar. Por isso quer sorrir tanto.
O novo – O novo! Querem tanto o novo. Mas que culpa eu tenho se nada de novo acontece neste país há quarenta anos? O Tom já disse: de novo mesmo, nesse tempo todo, só o Hollywood com filtro. Mais nada.
Crítica – Ué, mas existe crítica de espetáculo aqui?
Esquerda – Não existe nada mais reacionário do que esta que se diz esquerda e se ufana disso por aí.
Direitos dos músicos – Presido a ASSIM , uma entidade que vai brigar pelo direito dos músicos. Há muito dinheiro que está parado, que precisa vir às mãos de quem tem direito: os músicos.
Intérpretes – também somos espoliados. Eu e a Clara Nunes somos duas das que já fechamos com a ASSIM. Aguardamos as outras. E os outros;
Alienado – Quem? O Transversal do Tempo? Alienado? Fora da realidade de hoje? Estão dizendo isso, é? Agora pergunto: fora de realidade? Daquela do Rio Zona Sul, a de São Paulo dos jardins e morumbis? Mas essa mesmo não tem nada a ver.
1968 – Chamam meu show de velho, de atado a 1968? Que descoberta! Pergunto a eles: as coisas mudaram tanto, mesmo, de lá para cá que possa me desatar de 68? O Transversal do tempo, como transversal do tempo, inclusive se propõe a isso: ser jornalístico, destinado justamente a refrescar memórias entorpecidas.
Mais crítica – Só porque você está me perguntando, vou falando: o que me enche mesmo é dar duro para criar um espetáculo, gastar os tufos, rogar pelo Altíssimo para que ele entre e saia inteiro de certas mesas de Brasília e São Paulo, maquilar, me vestir, atuar uma sessão inteira só para que me digam se aquilo pode ser visto por público para, depois ouvir de dois ou três críticos que aquilo nãos erve, é velho, é isso ou aquilo (..) eu crio e eles falam do que crio. Comodíssima posição. Agora, não me peçam uma troca de posições, faz anos que optei pela incomodidade.

A DITADURA MIDIÁTICA




Este texto foi lido e debatido na última reunião, sobre a ditadura da midia. Ele ilustra bem a importância dada à televisão, nos dias de hoje.


ENTRETENIMENTO NA TV - A nobre função de matar o tédio
Gabriel Priolli

"Nós estamos no negócio de matar o tédio", já dizia o apresentador de TV Howard Beale em 1976, em apoplético discurso no filme Rede de Intrigas (Network). O "profeta louco das ondas eletromagnéticas", criado pelo roteirista Paddy Chayefsky e o diretor Sidney Lumet para o que é, ainda hoje, a mais aguda crítica já feita à televisão, suas práticas e seus valores, resumia nessa frase objetiva e franca a missão principal do veículo que fizera dele uma celebridade.É oportuno recordar a frase nesta época de festas em que as pessoas transbordam de afeto, reúnem amigos e familiares, buscam sofregamente o convívio com o próximo, mas não dispensam o televisor ligado junto à árvore de natal. Um breve olhar para a cena natalina - brasileira ou de outros países, não muito distintos nesse aspecto - é suficiente para demonstrar o quanto a televisão é importante como meio de entretenimento e como são equivocados os discursos que tentam desqualificar essa função em favor de um maior volume - indiscutivelmente necessário - de informação e de educação na tela.Canal para bebêsA televisão é, sim, um negócio para matar o tédio, antes e acima de qualquer outra coisa que possa fazer pelos humanos. Ela preenche o tempo livre com maior eficiência e menor custo do que outras formas de diversão, o que é a razão da sua universalidade. Qualquer um, pequeno ou grande, pobre ou rico, inteligente ou burro, tem sempre à mão aquele botão redentor do aparelho de TV, para com um simples toque relaxar das tensões diárias, proteger-se da brutalidade circundante e deixar flutuar a imaginação. Ainda mais os solitários, que preenchem suas carências afetivas com os seres e os temas da tela, e que teriam natais sombrios, angustiantes, não fosse aquela luz amiga a cintilar diante de seus olhos.Seja por interesse mercadológico, nas emissoras comerciais, seja por espírito público, nas educativo-culturais, a televisão se propõe a subsidiar os humanos de afeto e companhia em todos os momentos da vida. Literalmente do começo ao fim dela, como demonstram dois projetos que provocaram curiosidade e polêmica neste ano. Aqui, no Observatório, a colega Leneide Duarte-Plon comentou, no início deste mês, a celeuma causada na França pela introdução de uma emissora voltada aos bebês [ver "Cientistas franceses pedem moratória para canal"). Um pouco antes, em novembro, pipocou planeta afora a notícia de uma emissora lançada na Alemanha para se dedicar exclusivamente à morte e ao luto.A TV para bebês intitula-se BabyFirst TV e é mais uma oferenda norte-americana aos deuses do consumo. Está no ar 24 horas por dia em 28 países, com um público estimado de 13 milhões de telespectadores, na faixa de 6 meses a 3 anos de idade. Surgiu da constatação de que muitos pais compram DVDs com programas voltados aos bebês, pagando até 20 euros por exemplar, o que configura um polpudo mercado. A emissora oferece 50 programas em sua grade, com conteúdos que pretendem estimular nos bebês o desenvolvimento da linguagem e o conhecimento da matemática, além das "destrezas sensoriais e do jogo criativo".Fazer companhia e divertirOs produtores norte-americanos garantem contar com a assessoria de pedagogos e psicólogos infantis, mas os colegas franceses desses profissionais, segundo Leneide, caíram de cacete na emissora, argumentando que na primeira infância a criança precisa mobilizar o corpo e a mente com brinquedos, e não prostrar-se diante da tela da TV. Seja como for, aí está reiterado o fato de que a televisão almeja acompanhar as pessoas desde o início de suas vidas, oferecendo a elas companhia agradável e incondicional a qualquer hora.Agora e na hora de nossa morte, propõe a Etos TV alemã, "o canal do luto". Vitrine do mercado funerário de seu país, que reúne mais de 3.000 empresas, a emissora aborda sem assombro um tema difícil, convicta de que ele é mais um entre tantos que interessam às pessoas, sobretudo quando enfrentam a morte de parentes e conhecidos, ou a perspectiva da própria partida. É o que mostra sua insólita programação? "Cemitérios como lugares de memória cultural, porque o futuro necessita de origens." Obituários pessoais, "porque a memória conecta as gerações". Além de informações práticas sobre o que fazer diante de um óbito e dicas "de prevenção" porque, afinal, salvo os suicidas, ninguém quer despedir-se da vida antes da hora.Entre os dois extremos da existência, a televisão procura entreter e confortar os humanos de todas as formas possíveis. Para a infância, já são muitos os canais, repletos de desenhos animados, seriados e shows. Para a adolescência, canais de música pop ou de videogames, como os dois que se defrontam na TV paga brasileira, a MTV e a Play TV. Para a vida adulta, quando os interesses se particularizam e a identidade se define de forma mais complexa, uma infinidade de canais segmentados por conteúdo, sexo, faixa etária, nível cultural. E todo esse amplo leque de opções identificado por um denominador comum: o desejo de fazer companhia e divertir. De matar o tédio.Discurso confusoA função de entretenimento da TV, por tudo isso, deveria merecer mais consideração. Mesmo, ou sobretudo, quando os programas têm forma e conteúdo que escapam ao padrão de gosto da elite. Uma boa atração televisiva não precisa ter, necessariamente, aspectos informativos e educacionais; pode perfeitamente oferecer apenas diversão ligeira, descompromissada. "Baixaria" não é o oposto de televisão inteligente; é a degeneração da televisão popular, dos produtos concebidos para as preferências culturais e o nível de cognição da grande massa telespectadora. É totalmente possível uma televisão popular de qualidade, sem baixarias e também sem maiores ambições intelectuais. É possível apenas entreter, sem querer mais do que isso, com ética, respeito e responsabilidade.O discurso bem pensante a respeito disso, entretanto, é confuso. Quando aborda a TV de entretenimento, costuma jogar no mesmo saco programas razoáveis e grandes porcarias, rotulando tudo de baixaria. Shows de auditório, game shows, telenovelas, musicais sertanejos e programas humorísticos padecem desse preconceito, do qual estão isentos, por definição, os programas de debate, os telejornais, os documentários, os musicais de MPB e as minisséries de inspiração literária - todos avaliados, a priori, como programas sérios e úteis, mesmo que ocultem a mais sórdida baixaria, na forma de manipulação de dados, distorção, parcialidade, omissão, partidarismo etc.Esforço e utilidadeEssa falsa oposição entre uma televisão de qualidade, identificada somente pelo caráter educativo-cultural, e uma televisão de baixo nível, assim considerada por privilegiar o entretenimento, transborda do pensamento crítico para o juízo comum dos telespectadores. E se expressa num discurso freqüentemente culpado, em que a pessoa clama por mais cultura e educação na TV, mas reconhece que não assiste às atrações que atendem ao clamor. É a culpa pelo entretenimento, culpa por assistir TV apenas para se divertir, passar o tempo, esfriar a cabeça ou pegar no sono.Outra decorrência dessa percepção geral de que a boa televisão é apenas a que informa e educa - e à qual não se assiste porque, infelizmente, ela exige pensar e pensar dá trabalho, é chato... - está na conceituação da TV pública. Muita gente, incluindo especialistas, acredita que não cabe a ela oferecer entretenimento. Apenas "fazer a cabeça", estimular o raciocínio, prover informações. Essa visão só facilita que as emissoras comerciais descumpram seus deveres para com a educação e a informação e impede que as emissoras públicas definam melhor o seu enfoque do entretenimento. Não há, por exemplo, programas humorísticos na TV pública brasileira. Foram raríssimas as suas tentativas nesse sentido, ao longo da história. E por quê? Fazer rir não é coisa séria, talvez das mais sérias que existem, pela função profilática do humor?A televisão de entretenimento é legítima. Não há nada errado em divertir o telespectador. Não é obrigatório instruí-lo e informá-lo quando se procura diverti-lo, embora seja conveniente que isso ocorra. Convém que nos lembremos disso nestes dias de festas em que as pessoas buscam estar juntas para celebrar a vida e se divertir. A TV procura fazer isso todos os dias do ano, todas as horas do dia, para todos os públicos, por toda a existência das pessoas. Errando ou acertando, merece reconhecimento pelo seu esforço e pela utilidade do serviço que presta.

Fonte: Observatório da Imprensa Edição 465 de 25/12/2007 http://www.observatoriodaimprensa.com.br/
Fonte da Imagem: http://www.weno.com.br/blog/archives/2005_10.html

ARTES SOB PRESSÃO

Dos estudos da nossa última reunião, no âmbito das ditaduras e das liberdades, trouxemos este texto, para reflexão e debate, acerca da arte e sua relação com a liberdade, bem como das liberdades individuais. Ele foi retirado do livro Artes sob Pressão, de Joost Simiers. O livro analisa as forças relevantes por trás dos processos de decisão em questões culturais de âmbito mundial, sob a influência da globalização econômica. O livro contém centenas de exemplos de experiências retiradas de diversos campos das artes e de todas as partes do mundo, relacionadas por uma sólida crítica teórica.


Artes: Um campo de batalhas

Somos tão obcecados com a liberdade do discurso no Ocidente, que não podemos compreender como outros povos podem ser levados a desrespeitar fundamentalmente o que lhes é mais sagrado. Enquanto esse preceito de liberdade sem quaisquer restrições permanecer inalterado, será difícil estabelecer um dialogo sobre como construir uma ponte entre as culturas (...).

Nossa Diversidade Criativa, o relatório da Unesco e da Comissão Mundial de Cultura e Desenvolvimento das Nações Unidas, problematiza este tema opondo liberdade cultural individual de um lado e coletiva de outro:

A maioria das liberdades referem-se à liberdade individual – liberdade de falar o que se pensa, de ir onde se quer, de adorar seus próprios deuses, de escrever o que se quer. A liberdade cultural, ao contrário, é uma liberdade coletiva. Refere-se ao direito de um grupo de pessoas de seguir ou adotar uma forma de liberdade de acordo com sua própria escolha. (PÉREZ DE CUÉLLAR, 1996, P.25)

No mundo ocidental, a crença dominante tem sido de que a liberdade individual é a única forma real de liberdade e devemos todos aceitar isso. O fato de poder existir (e existem) formas de liberdade mais valiosas, que podem ter conseqüências e efeitos contraditórios, parece incomum para a mente ocidental.
Um caso interessante sobre este tema foi levado à corte em Beirute. Um dos mais amados músicos e compositores do mundo árabe, Marcel Khalife, havia convertido em música um poema, “Ó Pai, sou eu, Youssef”, que termina com um verso do Alcorão. O juiz do Supremo de Beirute, um Sunni, indiciou Marcel por crime contra a religião dominante no país, o islamismo. O grande mufti, Muhammad Kabanech, explicou por que isso aconteceu:

Quando você inclui um instrumento musical para acompanhar o Alcorão, você ultrapassa o respeito devido à palavra de Deus na Terra. Existem regras que devem ser respeitadas. Este tema não tem nada a ver com liberdade. Um artista pode utilizar as palavras escritas por outros como deseja, mas não tem o direito de utilizar a palavra de Deus.

O juiz, entretanto, rejeitou todas as acusações: “O acusado cantou todos os versos do sagrado Alcorão respeitosamente. Portanto, ele não violou a santidade do Alcorão, nem encorajou outros a faze-lo”.

Existem muitos outros conflitos e contradições sociais. Nem todos influenciados por sentimentos religiosos conflitantes com a cultura."

Artes Sob Pressão
Joost Smiers